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Após 1ª morte por coronavírus, neta relata dor durante enterro, aponta matéria do jornal O Município, de São João da Boa Vista.

Por Jornal O Município

“É triste! E a parte que mais doeu foi não poder vê-la! Ficamos sabendo do horário do funeral em cima da hora, às 9h. Havia só dez pessoas e a gente viu tudo de longe”, relatou, em entrevista exclusiva, estudante de 21 anos, neta da idosa de 75 anos, primeira vítima fatal da Covid-19 em São João da Boa Vista.

A paciente faleceu no final da tarde de quinta-feira (23), após quatro dias internada na Santa Casa Dona Carolina Malheiros. A mulher, que completaria 76 anos em 8 de maio, era hipertensa, mas fazia o controle regularmente.

A jovem, estudante do curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações da Universidade estadual Paulista (Unesp), aceitou falar com a reportagem do O MUNICIPIO sob anonimato e contou o momento de dor da família, a gravidade e como tudo foi muito rápido.

(Reprodução/Prefeitura de São João)

Segundo ela, a avó, que morava junto com o marido de 76 anos no bairro Nossa Senhora de Fátima, não queria ir ao hospital. “Mas meus pais a levaram à UPA [Unidade de Pronto Atendimento] à força, no sábado à noite [18]. E ela foi internada [na Santa Casa] no domingo de manhã [19]”, afirmou.

Já na terça-feira (21), segundo a estudante, foi confirmado que a idosa havia testado positivo para o novo coronavírus e que foi entubada na quarta-feira (22). “Hoje [quinta], às 17h, ligaram do hospital falando que ela estava no respirador. E às 18h30, uma hora e meia depois, ligaram falando que ela morreu. Ainda tentaram reanimá-la por meia hora, mas ela não resistiu”, compadeceu.

Ela ainda conta que, antes da quarentena, a avó saia bastante e fazia tudo a pé. Mas, depois, os avós começaram a cumprir rigorosamente o isolamento desde quando foi decretado. No entanto, uma única vez, a avó teria saído para ir ao mercado, no começo de abril [não soube precisar a data], mas acompanhada de uma tia da estudante.

“Achamos que foi nesta ocasião que se contaminou. É que ela recebia um vale-idoso para compras. Mas quando falaram que era para os idosos ficarem em casa, ela não saiu mais. Mas mesmo assim ela pegou no único dia que foi ao mercado”, afirmou.

PREOCUPAÇÃO
À reportagem, a jovem demonstra preocupação com o avô, de 76 anos, que agora mora sozinho. “Meu avô está lá [em casa] e não sabemos se ele também está contaminado. Amanhã [sexta] eles [Vigilância Epidemiológica] vêm colher exame do meu avô; e dos meus tios, que tiveram contato com meus avós.

A estudante também disse que todos os familiares já foram orientados pelos órgãos de saúde quanto a manterem o isolamento pelos próximos dias. “Estamos cada um em um cômodo, sem compartilhar copos, talheres etc. Passando água sanitária na casa inteira”, contou.

Por fim, àquelas pessoas que ainda ironizam a doença, a neta deixa um recado: “Infelizmente, muitas pessoas ajudam a espalhar a ignorância. Mas eu digo para elas se cuidarem, porque não desejo essa dor pra ninguém. Parecia que minha avó iria se recuperar, mas o coronavírus é muito perigoso e mata rápido”, lamentou.

ÓBITO
O Departamento Municipal de Saúde, por meio do Setor de Vigilância Epidemiológica, informou o primeiro óbito por Covid-19 na tarde de quinta-feira (23).

Segundo o Setor, a transmissão foi comunitária, ou seja, o vírus foi contraído na cidade. “Pedimos a todos os que puderem, que fiquem em casa. Caso precisem sair, que usem máscara e tomem todas as medidas de higiene para evitar a contaminação”, informou.

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