Surto de cinomose atinge cães na cidade
90% dos que contraem a doença morrem e os demais ficam com sequelas
Desde o fim de 2018 os consultórios veterinários têm atendido ocorrências de cães que foram infectados pela cinomose. Para que os moradores de São José do Rio Pardo fiquem atentos e ajudem a prevenir o contágio em seus animais, a Gazeta entrevistou a veterinária Maria Ângela Dal Bon Salvadori, que trabalha no Centro de Controle de Zoonoses, para obter as informações necessárias.
Cinomose
A cinomose é uma doença de alto risco, provocada pelo vírus CDV ( CanineDistemper Vírus), ou Vírus da Cinomose Canina (VCC). “O quadro clássico da doença começa com uma gripe, que evolui para uma pneumonia, e o animal apresenta lacrimejamento com secreção ocular, descarga nasal. Em um segundo momento esse quadro evolui para uma fase neurológica. O vírus vai para o sistema nervoso central e o animal começa a apresentar sintomas neurológicos, como andar cambaleando, ter convulsões, o craquelamento do fucinho, das almofadinhas plantares (sola da pata), isso no estágio final”, explica Maria Ângela.
“Normalmente não tem um tratamento para esse caso. O que nós fazemos é um tratamento secundário, dos sintomas que o cão está apresentando. Usamos antibióticos, anti-inflamatório, broncodilatador,antieméticos, porque à vezes o animal vomita, além de vitamina e analgésicos”, completa ela.
De acordo com a veterinária, 90% dos cães que contraem a doença acabam morrendo. Os outros 10% desenvolvem sequelas, como crises convulsivas e/ou desequilíbrio ao caminhar.
Prevenção
A única forma de prevenção da doença é a vacinação, que deve ser aplicada em três doses, com um intervalo entre 21 a 30 dias cada. O animal só apresentará imunidade 15 dias depois de ter recebido a última dose. A partir dos 45 dias de vida o filhote já pode tomar a vacina. O reforço deve ser feito anualmente.
“O cachorro deve estar vermifugado para receber as vacinas, pois se ele estiver com uma verminose não vai criar imunidade. A recomendação que eu dou é nunca tirar o animal de casa para passear na rua se ele não estiver devidamente imunizado”, prossegue Maria Ângela.
Segundo ela, a vacina garantida, V8 ou V10, é a feita em clínica veterinária. “É uma vacina ética, que só pode ser feita depois de avaliar o estado de saúde do animal. Se ele estiver com febre, gripe ou doente, não pode receber nenhum tipo de vacina”, afirma a veterinária, lembrando que se a vacinação estiver atrasada por um ano ou mais, é preciso refazer o processo das três doses.
O Centro de Controle de Zoonoses não faz campanhas de vacinação para a Cinomose pois ela não é transmissível aos humanos. A vacina deve ser aplicada por um veterinário.
Gripe canina também preocupa
Só nesta semana, do dia 18 ao dia 20 de fevereiro, a médica veterinária Maria Ângela Dal Bon relatou seis casos confirmados de gripe canina em seu consultório, preocupando os proprietários desses animais.
“É uma doença altamente contagiosa entre os cães, é bacteriana e a transmissão dela ocorre por aerossol (*). Se você tem um cão com tosse no quarteirão da sua casa e seu animal não está vacinado, estará passível a pegar a doença”, explicou Maria Ângela.
Quando contraída, o animal apresenta um quadro de tosses como se estivesse engasgado com algo.
“Tratamos a doença com antibióticos e anti-inflamatórios, mas a melhor forma ainda é a prevenção”, prosseguiu a veterinária.
Existem duas formas de vacinação, segundo ela: a intranasal, que tem melhor eficácia e é uma dose única, e a injetável, que são duas doses.
“O reforço deve ser feito anualmente e recomendamos sempre antes do inverno, que é quando começam as gripes e pneumonias”, concluiu.
(*)Aerossol- é a designação dada a pequenas partículas de um líquido ou sólido que estão em suspensão no ar, na forma de um gás.