Carnaval: PM quer evitar episódios de 2018
Polícia não quer proibir a festa de ninguém, mas lembra que existem limites
Não haverá um esquema de policiamento especial durante o Carnaval em São José do Rio Pardo, mas um trabalho direcionado aos locais ou clubes nos quais ocorrerem a festa de momo. A informação é do sargento Gilmar, que comanda a polícia militar no município. “O que haverá será uma escala diferenciada a fim de fazer um policiamento nos eventos de carnaval que houver pela cidade”, confirmou. “As viaturas ficarão estacionadas ou em patrulhamento nos locais aonde vão ocorrer os festejos”.
Gilmar fez, entretanto, um alerta aos carnavalescos: que se divirtam sim, mas com responsabilidade, para evitar os tristes episódios do carnaval de 2018 ocorridos na região central de São José, quando houve até bombas de efeito moral para coibir badernas. “Foi uma experiência muito negativa no ano passado e a gente não gostaria que ocorresse este ano de novo. A polícia não está ali para proibir a festa de ninguém, nem mesmo proibir que bebam porque a gente entende que é carnaval. Só que há limites de lei, de respeito para com a própria sociedade porque o direito da gente termina aonde começa o do outro”.
Ele diz entender que sempre haverá aqueles que passam um pouco dos limites, mas espera que estes não agridam quem estiver por perto porque, se isso ocorrer, a polícia militar será obrigada a agir. “Se a pessoa vai na praça, se há um limite de som ou se tem um horário para que a pessoa fique lá, que isso seja respeitado. Se terminou, vá embora para sua casa ou então procure outros locais, mas não perturbe ninguém. Ninguém é obrigado a ficar escutando um som na cabeça horas e horas. Pra você pode estar legal, mas pra outras pessoas não. Nem todas as pessoas gostam de carnaval e nem todos estão bem naquele momento”.
Sobre o trabalho diário da polícia militar, Gilmar disse que ele segue um padrão e que as ocorrências anormais verificadas em certas ocasiões tendem sempre a voltar ao normal depois. “Com relação aos roubos, tivemos um período muito difícil, mas conseguimos novamente retornar ao normal. Furto de veículos, por exemplo, foi complicado em dezembro”, admitiu.
Tráfico de drogas
O tráfico de drogas, contudo, continua sendo o delito mais constante em São José do Rio Pardo e com tendência a crescer, virando um problema social, na opinião do sargento. “Está crescendo muito o número de usuários, até porque não existe uma pena específica para o usuário, havendo entendimentos aí de que ele nem deva ser punido. Com isso, a venda de drogas está aumentando e a própria situação social do país leva a pessoa a debandar para o tráfico de drogas e está se tornando uma constante”, lamentou.
As pessoas, na opinião dele, passam a enxergar isso como se fosse algo normal. “E na realidade não é. Além de prejudicar muito a sociedade, principalmente jovens e as famílias destes, é um crime em que se financiaos demais crimes porque a pessoa é usuária e, não tendo dinheiro para pagar, ela pratica furtos ou roubos para poder pagar o que ficou devendo nas biqueiras”.
Esse fato comprova, na interpretação de Gilmar, o quanto o tráfico de drogas é maligno à sociedade. Ele explica que em São José do Rio Pardo os pontos mais críticos atualmente são as regiões do Cassucci – formado pelo Carlos Cassucci, Eduardo Cassucci, Professor Redher, Chico Xavier e Vila do Servidor – e do Vale do Redentor. O sargento diz que nesses locais ficam concentradas a maior parte das operações da polícia militar.
Sargento Gilmar, da Polícia Militar: “Ninguém é obrigado a ficar escutando um som na cabeça horas e horas”
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Tumulto marcou o final
da festa no ano passado
A última noite do carnaval rio-pardense em 2018, que poderia ter terminado realmente em “festa da família”, como era a proposta do DEC, quase virou uma noite de terror no centro da cidade. Pedras, garrafas e pedaços de pau foram jogados por foliões contra viaturas e policiais militares, que revidaram com tiros de balas de borracha e bombas de efeito moral. Houve tumulto generalizado, fumaça, barulho e muita correria, mas felizmente não houve registro de que alguém tenha ficado ferido. Um homem foi detido e, após prestar depoimento na delegacia, acabou sendo liberado.
Tudo começou depois que policiais pediram que alguns motoristas abaixassem o som de carros que estavam estacionados na Praça da Matriz. Os motoristas obedeceram mas várias pessoas que dançavam ao redor dos veículos começaram a xingar os policiais e a hostilizá-los. Em seguida, passaram a jogar pedras e garrafas neles e nas viaturas, ocorrendo o revide com os meios já citados. Foi pedido reforço à Força Tática de Mococa, que já estava próxima a São José do Rio Pardo, e mais viaturas chegaram. A tensão foi crescendo e muitos temeram o pior já que havia gritos, tiros, bombas e muita correria. Após a dispersão dos foliões e pessoas presentes ao centro da Matriz, a situação ficou sob controle.
A praça central da cidade virou “praça de guerra” no encerramento do carnaval, em 2018
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Vizinhança Solidária já funciona
Gilmar disse também que teve início na região central da cidade o esquema denominado Vizinhança Solidária, envolvendo comerciantes locais, os quais mantêm mais contato uns com os outros para passarem informações sobre indivíduos suspeitos. Trata-se de um grupo de whatsapp que tem um tutor encarregado de monitorar as informações e fotos dos suspeitos, repassando-os à polícia militar.
Este é um trabalho feito em conjunto entre a Associação Comercial e Industrial (ACI) e o Conseg, contando com cerca de 60 comerciantes interessados em reduzir a criminalidade no município.