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O voto de cabresto digital e a eleição menos racional da história do Brasil

O voto de cabresto digital e a eleição menos racional da história do Brasil

“Uma mentira repetida mil vezes, torna-se verdade”. Nem Joseph Goebbels,  imaginaria o que a Internet seria capaz de fazer. Que as mentiras, ou melhor, fake news, compartilhadas pelo Whatsapp e replicadas no Facebook, dividiriam um país entre o bem e o mal e criariam um “mito”.
Não há meio termo digital, ou melhor, não é “útil”. Em terra de mentiras e compartilhamentos, já não é mais útil pensar com a própria cabeça, escolher o próprio voto ou ser fiel às próprias convicções. Confesso, demorei para tomar pé dessas eleições. O que eu lia, aqui e acolá, fazia tão pouco sentido que parecia piada. De mau gosto.
Mas não eram piadas, eram estratégias. A estratégia do PT foi escolher um rival tão insignificante politicamente, tão vazio de propostas e cheio de preconceitos, que aparentemente seria o mais fácil de ser derrotado. Apostavam na transferência de votos do presidiário “herói”, para o seu representante quase desconhecido da massa, Haddad. Assim, o PT elegeu o egocêntrico e truculento Bolsonaro como adversário. Assim começou a parceria velada e antagônica.
E eles se retroalimentaram a cada dia. Compartilharam o sonho de dividir o país entre o medo da volta do PT e, do outro lado, o medo do “fascismo”. Quanto mais as pessoas tinham medo do PT e do comunismo (?), quanto mais assustadoras eram as declarações da esquerda, mais Bolsonaro se fortalecia. Quanto mais ele se fortalecia com seu discurso insano, mais a esquerda avançava.
Aos poucos, uma terceira ou quarta via foram sendo anuladas. E quando realmente a campanha começou, elas quase já não existiam. O candidato que poderia ameaçar a estratégia traçada já entrou perdendo. Ganhou do seu partido, o tão desgastado PSDB, a herança maldita de Aécio Neves. METADE do país havia brigado por ele na última eleição, defendido o mineiro com unhas e dentes. De presente, ele devolveu seu nome sujo, na Lava Jato. Geraldo não conseguiu se desvencilhar do “colega”, que traiu a pátria e não foi expulso pelo partido.

E a campanha continuou a cometer erro atrás de erro. Poderia ser mais agressivo, mas sua ponderação e racionalidade sempre lhe renderam a fama de chuchu. Enquanto uns levantavam armas e outros facões, ele abraçava as velhinhas. Seus eleitores queriam que batesse mais no inimigo número 1 da nação, o PT.
Enquanto o país se polarizava, muitos de nós ainda tínhamos nossos candidatos, declarando ou não nossas escolhas. Mas uma facada mudou tudo.
O já marketeiro profissional, Trump tupiniquim, se fortaleceu a cada dia, com a ausência em debates e sem que a população pudesse constatar sua falta de plano de governo e tantas outras coisas.
Mas seus soldados, agora mais do que nunca, fiéis, cuidaram da campanha do capitão! Espalhando vídeos propositalmente caseiros e mal editados, memes, e fotos com 3 linhas, de frases radicais ou “engraçadas”. Bolsonaro e sua trupe de marketeiros profissionais ainda se apropriaram da tática do próprio criador (PT) com maestria: a desinformação. Ficou então definido entre os fiéis que toda e qualquer opinião ou reportagem não favorável tornaria-se-ia mentirosa.
E assim, enquanto a extrema direita parou de se informar e passou a acreditar no novo “Messias”, a esquerda começou a sentir que os planos haviam saído do controle.   Então, em um ato tão pensado quanto desesperado, se apropriaram do feminismo, para lutar contra o, agora, inimigo fortalecido. O tiro mais uma vez, saiu pela culatra. Em um país patriarcal, machista e com ódio da esquerda, as mulheres que estavam em dúvida correram para o outro lado.
Já os eleitores de Amoedo, que prometiam mudar o Brasil, desistiram antes de começar. Foram pouco a pouco pulando do barco, que nunca encheu. Não antes de pedir desculpas: “Te vejo em 2022”. Deixaram ideologicamente o veganismo político e resolveram comer x-picanha, lambendo o sangue. Os que queriam o novo, preferiram a nova moda do momento. Bolsomito, é pop! Dispensaram a renovação e compraram 30 anos de inutilidade pública no curriculum.
Ciro, o coronel nordestino, vem comendo pelas beiradas. O rei da oratória, arremata pouco a pouco os viúvos petistas e os “nem lá e nem cá”.
O PT pensou em tudo quando escolheu o rival que iria aniquilar. Já tinham comprado o champanhe para a festa. Mas apenas subestimaram a estratégia marketeira de quem já se anunciava, sem nem um pudor, ser o Trump brasileiro.
Muito mais moderna e eficaz, do que a usada pelos outros candidatos e partidos, “macacos velhos” de campanha na TV, as redes sociais mudaram tudo. E nessa eleição, ficou claro.
E assim foi sendo desenhado nosso voto de cabresto digital. O qual, repudio com veemência. Respeito quem está convencido e embasa sua escolha em qualquer candidato, de forma racional. Mas não o efeito manada. Os assustados e manipulados, que acreditaram, que mesmo que não seja de sua vontade, devem escolher entre 2 candidatos no PRIMEIRO turno.
Eu escolhi o meu candidato. Meu voto não está a venda e também não empresto a ninguém no primeiro turno. Eu – ainda – acho que cada um deveria escolher o seu. Baseado em propostas de governo, capacidade de governar, a figura do vice, identificação e tantas outras coisas importantes.
Não em vídeos “aterrorizantes” de Whatsapp e frases feitas de timeline que te fazem escolher entre “polícia” e ladrão. Entre merecer o céu ou queimar no inferno.
Eu nesse momento, nunca quis o novo. Sempre quis a experiência. Eu nunca quis herói. Eu nunca quis mito. Eu nunca quis casar com partidos. Eu sempre quis um governante com falhas e acertos. Principalmente capaz de trazer racionalidade ao caos. Não é na bala que se resolve e muito menos no golpe.
Não me sinto nem um pouco responsável, caso Bolsonaro não ganhe no primeiro turno, por escolher o Alckmin. Me sinto aliviada, se vocês que me pressionam tanto, querem saber. Me sinto menos ainda responsável por uma eventual volta da esquerda. Atribuo isso, simplesmente à falta de lógica da direita votante, que engoliu um plano macabro e tomado por egos gigantes.
O medo de enfrentar o segundo turno com qualquer candidato, até há poucos dias, sempre foi de Bolsonaro. Nunca deveria ter sido nosso, como nação!  Mas eu tento acreditar ainda em votação e principalmente na democracia.
No fim das contas, apesar da patrulha digital nos bombardear 24 hs por dia, dentro da cabine de votação só cabe 1 pessoa, sem celular. Seremos nós, a urna e nossa consciência. E ufa, na porta não terá (na maior parte dos casos) um coronel te esperando armado!
Porque votar em quem eu escolhi, é o meu conceito de voto útil. É fazer a minha parte. Prefiro ser “do contra”, do que ser simplesmente manipulada. Aceitaria me decepcionar por ter escolhido errado o meu candidato, como já aconteceu. Mas jamais por um que escolheram por mim!

(Autora desconhecida)

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